Saneamento e as praias poluídas do Brasil institutobv 26 de janeiro de 2016 Brasil Arnaud Mattoso – Jornalista e escritor As praias do Brasil ensolaradas… lá-laiá-la. Nos anos do governo Médici, entre 1969 e 1973, “Eu te amo meu Brasil”, da dupla Dom & Ravel foi uma das mais célebres obras ufanistas do Regime Militar no Brasil. A música é chata e não tem importância para nosso artigo, serve apenas como referência para ilustrar um cenário de praias ensolaradas dos anos 1970 e atualizarmos a canção para os anos 2016: “As praias do Brasil são poluídas… blablabla”. Sem ufanismo, a situação real e atual de várias praias ao longo dos oito mil quilômetros da costa brasileira é de poluição ao nível de “imprópria para o banho”. Algumas delas são balneários famosos como a do Calhal, em São Luiz do Maranhão; a de Casa Caiada, em Olinda, Pernambuco; Santos, em São Paulo; Pepino e Barra, no Rio de Janeiro; Perequê, Porto Belo, em Santa Catarina e mais uma penca de praias de norte a sul. Basta “googlar”. As reportagens na televisão, blogs e portais oferecem milhares de notícias sobre esta mazela ensolarada. A poluição em nosso trecho de oceano Atlântico, em grande parte, é resultado da ausência de saneamento em todo o país, este esquecido objeto de desejo da sociedade, mas relegado pelas autoridades públicas federais, estaduais e municipais. Nas três esferas de poder, saneamento nunca teve importância. Isto é histórico e existe até a simplória explicação que “obra debaixo da terra não dá voto”. Simples assim. Só que não. Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS para cada R$ 1 mil investidos em saneamento há uma economia de R$ 5 mil para a saúde pública. Todo esse caos envolvendo superlotação em postos de saúde, hospitais e doenças endêmicas poderiam ser minimizados ou erradicados se houvesse saneamento nas cidades brasileiras. A empresa Tera Ambiental que atua em serviços de limpeza de efluentes industriais revela que enquanto que “a média nacional somado todos os municípios é de 48,3%. O tratamento de esgoto chega a 41,3% da população do conjunto dos 100 municípios. Já a media nacional é de 38,7%”. Parte de todos os problemas de saúde pública que o Brasil atravessa hoje é resultado da falta de saneamento nas cidades. Incluindo o inacreditável “mosquito do mal”, responsável por doenças de nomes estranhos e cérebros estreitos de crianças em crânios largos. É bizarro e ao mesmo tempo a “cara do Brasil”. Dos tempos atuais e dos antigos. No Recife, a água podre que deságua no mar é oriunda dos rios e seus afluentes. Os rios recebem cargas de dejetos dos inúmeros canais que cortam a cidade. E estão sempre sujos de toda espécie de lixo orgânico e inorgânico. Uma das melhores praias urbanas do Brasil, a de Boa Viagem com os seus famosos (e raros) incidentes com tubarões é relativamente limpa e adequada ao banho. Vizinha a ela, na praia do Pina, ao norte, e Barra de Jangada, ao sul, há trechos condenados pelos órgãos de fiscalização. No Pina, a culpa desta poluição acontece quando a corrente de verão muda para norte-sudeste e todos os lixos vindos da Bacia boiam em direção às praias mais ao sul. A Bacia do Pina é a foz que deságua no mar e também é receptora de todo o acumulado de dejetos ao longo do trajeto do Rio Capibaribe. Em Barra de Jangada, é o inacreditável Rio Jaboatão, um dos mais contaminados de Pernambuco, que deságua entre as praias do Paiva e Candeias. Até a internacionalmente famosa praia de Porto de Galinhas, a mais badalada de Pernambuco, tem água fluvial misturada com ligações clandestinas de esgoto caseiro sendo despejada sem dó, nem vergonha na cara do turista. É crime ambiental despejar dejetos numa região sensível de corais, peixes e turismo intenso. O Estado paga uma fortuna para atrair turistas prometendo o paraíso. O sujeito paga uma fortuna para vir com a família ao paraíso. E encontra esgoto “fluvial” sendo despejado na areia a poucos metros das famosas piscinas. Quem paga a conta de todos esses desmantelos? Você, cidadão de bem, pagador de impostos, eleitor responsável que vota em pessoas e partidos a cada dois anos para que façam obras “debaixo da terra”. Só que não. Simples assim. Curtiu? Nem eu. Para saber mais, acesse: http://poncheverde.blogspot.com.br/2016/01/merda-toma-conta-da-agua-na-praia-de.html http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/verao/noticia/2016/01/um-em-cada-tres-pontos-analisados-em-praias-de-santa-catarina-esta-improprio-para-banho-4955038.html http://g1.globo.com/bahia/noticia/2015/03/inema-indica-16-praias-improprias-para-banho-em-salvador-e-lauro.html Relacionado Deixe uma respostaCancelar resposta